Confrontando o Futurismo? Não, a Inteligência Artificial definitivamente não é coisa do passado
Lamentavelmente, inicio este texto com uma nota de preocupação, devido às numerosas notícias recentes que declaram a Inteligência Artificial (IA) como algo do passado, dando lugar ao futuro da computação quântica. Como doutor em IA e Computação Quântica desde2012, sinto-me compelido a esclarecer que tais afirmações são não apenas errôneas, mas originam-se de profissionais com experiência prática limitada. Além disso, essas declarações desconsideram a realidade de países em desenvolvimento que enfrentam intensos desafios competitivos globais.
Não estou querendo dizer que a computação quântica não seja importante, pelo contrário, ela é crucial e está avançando rapidamente. No entanto, é importante reconhecer que tanto a IA quanto a computação quântica ainda estão em um caminho de maturação e desenvolvimento. As possibilidades que a computação quântica traz são vastas, mas não podemos ignorar que a IA já é uma realidade com uma base ampla de aplicações práticas que continuam a expandir e transformar diversos setores.
Portanto, insisto na importância da IA nas práticas organizacionais, particularmente para empresas brasileiras. É crucial que nossas organizações invistam e desenvolvam suas próprias soluções de IA, ao invés de dependerem exclusivamente de tecnologias importadas de países desenvolvidos. A adoção da IA deve ser vista não como uma tendência ultrapassada, mas como uma ferramenta vital que continua a evoluir e apresenta um potencial significativo para transformar nossas práticas empresariais e industriais.
Na LeWarPro, estamos sempre atentos às inovações que podem revolucionar as práticas organizacionais e otimizar a gestão do conhecimento. Este mês, destacamos um estudo “Artificialintelligence and knowledge management: A partnership between human and AI” que investiga o impacto dos avanços tecnológicos na gestão do conhecimento, especialmente o papel emergente da IA nas organizações. À medida que as tecnologias exponenciais avançam, os líderes empresariais são instigados a reconsiderar como a IA pode ser integrada para melhorar os processos de gestão do conhecimento, desde o apoio ao aprendizado e tomada de decisões até o aprimoramento das interações humanas com sistemas complexos.
O estudo explora como os avanços recentes em aprendizado profundo e outras formas de IA estão revolucionando as capacidades organizacionais para "ver", "ouvir" e "decidir", aprimorando significativamente como as empresas gerenciam e utilizam grandes volumes de dados. Essas tecnologias não só permitem uma simulação aprimorada das capacidades humanas, mas também introduzem novas possibilidades para análise de dados e tomada de decisões baseada em conhecimento.
Além disso, a pesquisa ressalta a importância da integração entre gestão do conhecimento e IA, destacando como a IA pode apoiar e ampliar os esforços de gestão do conhecimento dentro das organizações. Os algoritmos de aprendizado de máquina, especialmente os que se baseiam em aprendizado profundo, são utilizados para treinar sistemas que se aprimoram continuamente por meio do uso de grandes volumes de dados rotulados. Este avanço contrasta com os sistemas tradicionais, que dependiam de regras definidas por humanos, e move-se em direção a uma abordagem mais dinâmica e adaptativa, capaz de prever e responder às necessidades organizacionais em tempo real.
O artigo também discute o desafio de gerenciar a proliferação de dados gerados por essas tecnologias e como os líderes de recursos humanos podem utilizar a IA para transformar a gestão do conhecimento. Isso inclui o uso estratégico de dados para desenvolver habilidades essenciais e impulsionar a inovação, mantendo uma governança robusta para assegurar a ética e eficácia nos processos automatizados.
Investir em IA própria não é apenas uma questão de avanço tecnológico, mas também uma estratégia essencial para manter a competitividade e a independência tecnológica em um mercado global cada vez mais desafiador. É crucial considerar a IA como uma alavanca para o crescimento e a inovação, assegurando que o Brasil não só acompanhe, mas também contribua significativamente para o futuro da tecnologia global.
Referência: https://doi.org/10.1016/j.bushor.2022.03.002
Texto desenvolvido por Fabio Guerra, Diretor Executivo (Founder and CTO).